Por que adotar ações de sustentabilidade?

Entenda como ODS e ESG estão ligadas e porque o setor público é essencial para o cumprimento de metas mais sustentáveis

No mundo corporativo, ESG (práticas ambientais, sociais e de governança, em tradução livre). Na gestão pública, ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Ainda que ganhe nomes diferentes (e existe uma razão para isso), a agenda de transparência e responsabilidade socioeconômica e ecológica tem se tornado intrínseca aos negócios e à prestação de serviços devido a um movimento de mercado chamado capitalismo de stakeholders. Simplificando, um sistema econômico voltado para a geração de valor e promoção do bem-estar, além da produção de riquezas.

Na prática, o que passa a existir é um cuidado maior com iniciativas de atenção ao impacto ambiental, social, ético, financeiro e emocional das empresas. O que parece pouco se conectar com a área tecnológica, na verdade, encontra nas profissões das Engenharias, Agronomia, Geociências, Tecnologia e Design de Interiores a base técnica para o desenvolvimento de soluções dos problemas que atingem exatamente esses indicadores. Com a diferença de que, no nível macro, são os ODS que norteiam a tomada de decisão e, em níveis inferiores, o ESG.

“Tudo é considerado, não só a visão da pessoa que tem o capital”, explica a Geog. Rebecca Cavalcante, especialista convidada para inaugurar a Trilha de ESG do Crea-SP Capacita. Na aula, que está disponível na plataforma para profissionais registrados no Conselho, ela conta que os Objetivos da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) estão mais relacionados ao longo prazo, com foco na sociedade. Enquanto isso, as práticas ESG são pensadas para espaços específicos, com propósitos mensuráveis que podem gerar dados para a administração.

A questão central para a virada de posicionamento, segundo Rebecca, é: “quais são os riscos se não fizermos nada e quais são as oportunidades se fizermos?”. A dúvida motiva e impulsiona uma virada de chave em que o que entra em jogo é a reputação. “As empresas não nascem sustentáveis. Elas devem passar por uma trajetória de crescimento e levam-se anos nisso para formar uma estrutura de manutenção, métodos, gestão de dados, processos, estratégias e políticas para a instituição”, afirma a geógrafa.

Quando isso não é feito, a ameaça é de greenwashing. O termo em inglês se refere à falácia de preocupação com o tema ambiental, usada para camuflar os reais impactos que estão sendo causados. “A avaliação disso, provavelmente, vai ficar mais séria daqui para frente porque a forma de consumo já é repensada. Não tem como falar em ESG sem considerar as nossas próprias escolhas”, defende Rebecca.

Para saber a reputação das marcas, a população pode se basear em relatórios de gestão e transparência, que são documentos que comunicam o que tem sido feito, quais são os planos para o futuro das companhias e as suas ações. “É uma forma de conhecer muito bem as empresas”, confirma a especialista. “A partir de 2026, todas as organizações listadas na bolsa de valores serão obrigadas a fazer essas apresentações. Não basta falar de sustentabilidade no caráter filantrópico, mas sim mostrar seus resultados”, completa.

Tem espaço para a área tecnológica?

Tudo indica que sim e bastante! Afinal, a tendência é que haja, cada vez mais, o fortalecimento da pauta no meio corporativo e no setor público. As posições englobam departamentos de qualidade e segurança do produto, avaliação ambiental e social, políticas e práticas de gestão, saúde e segurança do trabalhador, gestão legal e regulatória, design sustentável, energias renováveis e eficiência energética, uso eficiente dos recursos naturais, rastreabilidade da cadeia de valor, produção orgânica e agroecologia, obras verdes e muito mais.

Além de se preparar tecnicamente, o profissional deve aprimorar suas habilidades comportamentais para isso, buscando otimizar as competências em análise crítica e solução de problemas, liderança e influência, adaptabilidade, ética e integridade, e colaboração e trabalho em equipe.

No Crea-SP, o assunto está presente internamente e na programação de eventos e conteúdos. Os ODS são conhecidos da autarquia, que se tornou signatária do Pacto Global da ONU em 2019. A partir deles, vieram os desdobramentos de ESG, direcionados aos profissionais, empresas, entidades de classe, instituições de ensino, estudantes ou à própria sociedade. “A distribuição maximiza o Conselho como fonte técnica ativa e atuante, já que estamos nesse meio entre o profissional e o mercado de trabalho, o especialista e os gestores públicos”, destaca a presidente Eng. Lígia Mackey.

Por exemplo, anualmente, o Crea-SP analisa os poluentes emitidos e acompanha o efeito de suas ações, como a adoção de medidas que reduzem os gases de efeito estufa gerados, passando pela troca da frota de veículos da capital para automóveis elétricos e híbridos; o sistema de climatização com uso de gás que não é tóxico; a captação e microgeração de energia fotovoltaica; a digitalização com migração de processos em papel para versões em ambiente eletrônico; a utilização de combustíveis não-fósseis; e a redução do uso de folhas em impressões e do consumo de descartáveis.

Já as medidas de inclusão e diversidade entram na atuação do Comitê Gestor do Programa Mulher, da Comissão Especial de Igualdade de Gênero e Diversidade e da Comissão Permanente de Acessibilidade, que realizam eventos temáticos de conscientização e capacitação sobre essas frentes. A integração do Crea-SP com outros entes do poder público soma forças ao posicionamento de marca da autarquia, que busca viabilizar, por meio de parcerias e elaboração de relatórios técnicos, a base para projetos de promoção de cidades inteligentes e sustentáveis.

Você pode saber mais sobre isso aqui.

Fonte: Comunicação Crea-SP

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