Orientações para evitar acidentes dentro e fora de casa

Acender a luz, carregar o celular, ligar a televisão. A eletricidade está presente nessas e em outras atividades cotidianas, mas, sem os devidos cuidados, pode representar um risco significativo. Acidentes elétricos são mais comuns do que se imagina, e a falta de informação é um dos principais fatores que contribuem para situações de risco, desde problemas com a fiação até o uso inadequado de aparelhos.  Por isso, é fundamental conhecer as melhores práticas para garantir a segurança.

Em 2024, a Associação Brasileira para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) divulgou o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica de 2023, que apontou um aumento nas ocorrências naquele ano no País. No primeiro semestre de 2023, foram 992 notificações, superando as 949 do mesmo período no ano anterior, e, segundo a Associação, os números podem ser ainda maiores, pois nem todos os incidentes são listados.

Vídeos na internet relatando casos de pessoas que se feriram com eletrodomésticos, como máquinas de lavar e secadores de cabelo, acendem ainda mais o alerta sobre a necessidade de conscientização acerca do tema. Fora isso, em tempo de maior incidência de temporais, os fatores de risco aumentam.

Então, o Crea-SP reuniu alguns cuidados importantes para evitar acidentes, seja em casa, na rua ou em outros espaços:

1 – No ambiente doméstico

O adaptador de tomada, também conhecido como benjamim ou T, cheio de carregadores, televisão, micro-ondas e muito mais. Essa cena tão comum nas casas brasileiras é um verdadeiro convite para um incidente. Dentre os recursos de proteção, o Dispositivo Diferencial Residual (DDR), disjuntor que atua combatendo as sobrecargas, monitora continuamente a corrente elétrica que entra e sai do circuito e, ao detectar qualquer fuga de corrente — como no caso de um cabo desencapado tocando uma superfície metálica ou o contato acidental de uma pessoa com a eletricidade — ele desliga automaticamente o fornecimento de energia.

Segundo o coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (CEEE) do Crea-SP, Eng. Heverton Bacca, a melhor forma de evitar um acidente começa com o projeto. “O ponto original de problemas domésticos é não considerar um profissional de Engenharia e Tecnologia Elétrica durante o projeto residencial. A presença de alguém capacitado nessa etapa faz com que o sistema seja mais seguro e tenha maior qualidade, protegendo os equipamentos, moradores e animais de estimação”, recomenda.

A tentativa de realizar reparos sem conhecimento adequado também se destaca entre os fatores de periculosidade. Manusear fiações, trocar tomadas ou tentar solucionar falhas na rede elétrica sem desligar a energia pode resultar em acidentes graves. Além disso, a ausência de revisões periódicas nas instalações compromete a segurança.

Já o uso de aparelhos elétricos em cozinhas, banheiros, lavanderias e áreas de serviço exige atenção redobrada. “A combinação de energia elétrica e áreas molhadas aumenta significativamente os riscos de choque, inclusive em tensões menores”, reforçou Bacca. Recomenda-se que as tomadas nesses espaços sejam protegidas contra respingos e que aparelhos não sejam manuseados com as mãos molhadas. O ideal mesmo é retirar o equipamento da tomada, no caso das máquinas de lavar, por exemplo, antes de abri-la para retirada das roupas, ou evitar o uso no ambiente molhado, quando se tratar de secadores de cabelo, chapinhas e barbeadores elétricos.

Cabos ressecados, desencapados ou com cheiro de queimado, quedas frequentes de energia e disjuntores que desarmam sem motivo aparente também indicam possíveis problemas. Nestes casos, um profissional qualificado e registrado deve ser acionado para avaliar a situação e, se necessário, substituir a fiação. Além disso, construções mais antigas precisam de revisões periódicas para garantir que a rede elétrica suporta a demanda dos eletrodomésticos modernos.

2 – Nas ruas, espaços públicos, estabelecimentos e em eventos

Ao identificar uma fiação caída, deve-se manter uma distância e avisar imediatamente a concessionária de energia ou o Corpo de Bombeiros. Nunca tentar tocar ou remover o cabo, pois ele pode estar energizado. Além disso, evite passar com veículos ou pisar próximo ao local, pois a eletricidade pode se espalhar pelo solo em um fenômeno conhecido como corrente de aterramento, que permite que a eletricidade se propague devido à condutividade do material.

Em eventos ao ar livre, como shows e festivais, a segurança elétrica requer atenção especial devido à exposição a condições climáticas e à presença de aglomerações. A instalação elétrica deve ser projetada e executada conforme as normas técnicas vigentes, e assistida por um profissional habilitado e registrado, garantindo o uso de materiais adequados e a implementação de sistemas de proteção, inclusive com inspeções periódicas, especialmente antes e durante o evento.

Para o público, é aconselhável estar atento e evitar o contato com estruturas metálicas que possam estar energizadas, como grades de proteção, torres de iluminação e postes. Deve-se também manter distância de equipamentos elétricos e não manipular cabos ou conexões, mesmo que aparentam estar desenergizados. Em caso de condições climáticas ruins, como tempestades com raios, é prudente buscar abrigo em locais seguros e aguardar orientações da organização do evento. A conscientização sobre os riscos elétricos e a adoção de comportamentos preventivos garantem a integridade física de todos.

3 – No período de chuvas

Durante tempestades, a incidência de raios e quedas de energia aumenta, o que pode representar sérios riscos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) são cerca de 80 milhões de registros anualmente. “O Brasil é um dos países com maior incidência de raios do mundo. Neste contexto, o uso de Dispositivo de proteção contra surtos (DPS) são indispensáveis para inibir acidentes nos períodos de chuvas fortes”, afirma Bacca.

Para proteger equipamentos de televisão, computadores e eletrodomésticos contra raios e quedas de luz, os estabilizadores de energia são altamente recomendados. Além disso, em uma tempestade, o mais seguro é desligar os aparelhos da tomada para evitar danos por descargas elétricas.

Em ambientes internos, ao perceber que a água está invadindo a residência, desligue imediatamente o disjuntor geral de energia, localizado no quadro de distribuição. Evite também qualquer contato com tomadas, interruptores e aparelhos elétricos, remova os equipamentos das tomadas e, se possível, coloque-os em locais elevados. Após o recuo da água, antes de religar a energia em sua residência, solicite a avaliação de um profissional habilitado e registrado para inspecionar as instalações elétricas.

Em áreas externas, os cuidados devem ser igualmente rigorosos. Ao se deparar com alagamentos nas ruas, mantenha distância do acúmulo de água, pois podem existir cabeamentos elétricos submersos ou estruturas energizadas não visíveis, representando perigo de eletrocussão. Nunca atravesse áreas alagadas a pé ou de veículo, já que a água pode ocultar buracos, fiações caídas ou outros perigos. Caso observe cabos elétricos caídos ou danificados, mantenha-se afastado e acione imediatamente a concessionária de energia ou o Corpo de Bombeiros, fornecendo informações precisas sobre a localização para que as equipes especializadas possam isolar e reparar o dano de forma segura.

A eletricidade facilita a vida, mas exige cuidado. A adoção de medidas preventivas é crucial para garantir a segurança pessoal e patrimonial, minimizando os riscos associados a acidentes elétricos em ambientes internos e externos. Para qualquer dúvida ou necessidade de avaliação, contar com profissionais habilitados e registrados pelo Crea-SP garante uma abordagem segura e eficiente. Afinal, prevenir é sempre a melhor escolha.

 

Fonte: Portal Crea-SP

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